"O silêncio é grandeza ou vileza. Existem muitos elogios do silêncio, e com razão. Há silêncio e silêncios que são grandeza e nos tornam grandes. Faz-nos grandes o silêncio que nos conduz ao interior da nossa alma, nos amadurece, faz brotar de nós as palavras mais profundas e densas, as que nos recriam e revelam. Há silêncios que nos permitem escutar os sussurros mais delicados das palavras mais ternas. Há silêncios que dão espaço ao outro, e o outro cresce com o nosso silêncio, que o deixa ser, dizer-se...Há silêncios que não só dão profundidade à nossa palavra, como permitem que o outro diga a sua. Mas há outros silêncios que são mortais. Há silêncios que negam a existência do outro, porque lhe negamos a palavra que espera. Por dentro, dizemo-nos: "Já vais ver como é!". E calamo-nos, diminuímos, ferimos com a nossa palavra não dita. E há silêncios que nos matam e asfixiam, a nós, porque são o refúgio dos nossos medos. Não dizemos, calamo-nos até não podermos mais. Há silêncios que são uma fuga para lugar nenhum. Aquilo que se articula existe. Existimos pronunciando a palavra que brotou no silêncio." (in Advento,Tempo de Oração)